sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quem nos enganou?



A MORTE DO SANTANA E DO JOÃO A.SANTOS

QUEM NOS ENGANOU?
Vou procurar ser o mais preciso possível e o menos fastidioso que consiga.
Na manhã do dia 14 (creio)de Fevereiro de 1967 no nosso aquartelamento da Maria Fernanda O Nosso Alferes chama à atenção para quem quereria ir à Fazenda Margarido, isto num ambiente de voluntariado, eu mais uns quinze elementos de vários grupos acedemos a ir uma vez que da Maria Fernanda à Margarido seriam uns 10 Kms. e as ditas Fazendas pegávam práticamente uma na outra o perigo de ir à Margarido éra relativamente pouco, assim estes voluntários com O Nosso Alferes dois condutores, O Santana e um outro que não sei o nome pois èra da 37 estava lá a refoçar-nos por qualquer falta dos nossos activos e até O Mecânico João Santos quis aderir ao apelo feito feito pelo nosso Alferes e lá fez parte do grupo de voluntários que utilizando duas Mercedes fomos a caminho da Fazenda Margarido, dado que à partida a missão èra fácil não levamos Transmissões nem Enfermeiro, também não levamos armas pesadas como Metralhadora apoiada ou Morteiro uma vez que não ia qualquer secção completa apenas levamos a Bazuca e porque lá ia O Marques atirador dessa Arma e eu que èra seu Municiador, uma vez que ia-mos os dois lá levamos um cunheto de Granadas da Bazuca, seguimos caminho direitos à Fazenda Margarido onde chegamos bem, mas ali alteram-se os planos e é nos dito que a missão seria ir com O Capataz da Margarido verificar uma Ponte que teria sido danificada na Picada que ia da Margarido para Balacende, ésta Ponte de Madeira(alias como todas) ficava situada no baixio do morro da Palacaça creio que seria sobre o Rio Lifunde que nascia para aquelas montanhas, é nesta base da alteração de destino que digo quem nos enganou? O nosso Alferes não nos enganava, ele sabia que ir à Margarido não havia grande risco porque se houvesse alguma escaramuça os tiros ouviam-se para qualquer das nossas bases e seria fácil fazer chegar reforços, mas para ir da Margarido para a direcção de Balacende já teriamos que levar outros meios e nunca faziamos esta Picada com menos de 5 Viaturas e cerca de 50 activos e muito bem armados, mas ordens eram para se cumprir e lá fomos com o dito Capataz a caminho do objectivo, quando já estavamos a poucos Km. do objectivo com o Morro da palacaça já bem à vista e num local em que a picada num espaço de 100 metros tinha uma descida e uma subida muito acentuadas, eis que o pior acontece, o inimigo tinha montado uma forte e bem urdida embuscada, quando as duas viaturas estão dentro da zona de curvatura baixa da picada iniciam o ataque com o 1º tiro direito à Testa do Santana que conduzia a viatura da frente, seguido do despoletar de uma mina comandada que fez um buraco em que a 1ª viatura fica travada porque o Condutor teve morte instatanea e a dita Mercedes ficou descomandada, todos nós saltamos das viaturas ao 1º tiro e assim caímos um pouco antes do sitio onde a mina estava salvando-nos assim de ter muitas baixas ao que a mina se destinava, ao saltarmos das viaturas e como o fogo inimigo èra intenso tivemos um ferido num pé èra O Lucio, outro O Adelino levou com uma serie de tiros que bateram-lhe na Culatra da FM partindo-lhe a Arma mas salvando a vida asssim já enfraquecidos nos activos apesar da coragem do Lucio que mesmo ferido no pé não desarmou e ripostou com toda sua energia para nos ajudar pois não éra momento para dar-se à dor, passamos a fazer das tripas coração e tentamos com tão poucos responder a um ataque preparado pelo inimigo para uma força bem maior, quando rispostavamos ao inimigo O Xico Maglhães que estava junto a mim sentou-se na berma da picada e eu disse-lhe deita-te que assim és um alvo, mal acbam as minhas palavras e Ele é logo atingido com um tiro no Ombro esquerdo, o tiro por sorte não atingiu os ossos eu peguei num lenço grande que usava-mos para tapar o nariz contra a poeira que aspirara-mos nas picadas e apertei-lho o mais que pude no ombro para evitar a perda de muito sangue, ele lá conseguiu aguentar-se o tempo ia correndo o inimigo não desarmava as nossas Munições começavam a ser poucas havia necessidade de saírmos da zona embuscada, já só tinha-mos um condutor aqui tenta O Mecanico João Santos pegar uma Mercedes e fazer inversão de marcha, azar o inimigo quando O João tem já a Mercedes atravessada na picada para consumar a inversão atinge O João com tiro que que entra por baixo do Braço esquerdo e Lhe sai no Pescoço não lhe tendo atingido o Coração porque seria Morte instantanea, aqui já não há como fazer parar o sangrar do João, O Nosso Alferes Vê-se a braços com uma situação de emergencia e procura quem soube-se tomar os comandos da Mercedes para concluir a inversão que O João não pode levar até ao fim, a viatura estava num sitio que o inimigo tinha no enfiamento de tiro e ninguém sabia Conduzir, o condutor que restava diz Ao nosso Alferes que não arriscava porque um tiro já lhe tinha furado a camisa, o capataz da fazenda sabia conduzir mas cortou-se, perante tal senário com um Morto, três Feridos sendo um em estado muito grave e poucas Munições, O Nosso Alferes Homem Com H muito grande em todos os sentidos revelando total despreso pela Sua própria vida e sem saber conduzir correu para a Mercedes e retirou-a da mata para a picada concluindo a inversão mas como não sabia controlar os mecanismos bateu com a frente daquela Mercedes na traseira da outra, o Motor foi-se abaixo e assim ficou sem puder trabalhar tendo que ser rebocada pela outra Viatura conduzida pelo único condutor existente, O Figueira Guarda Costas do nosso Alferes acompanhou-O na ida para a Mercedes e saltando para cima da Viatura conseguiu retirar para baixo o Cunheto das Granadas da Bazuca que nos permitiu meter duas Bazucadas em pontos calculados mais especificos, o inimigo deve ter sentido o peso da Bazuca e deixou de rispostar, conseguimos colocar sobre uma das viaturas os 3 Feridos mais O já sem Vida Santana, e O Nosso Alferes com toda a Sua Coragem mesmo sem saber conduzir Pegou o volante da Mercedes arreboque, disse-nos aos que estavam bons para nos dividir-mos e acompanharmos as viaturas metidos pela Mata metade de cada lado para podermos ter mais segurança, assim fizemos fomos apé até atingir-mos a Fazenda Margarido aí subimos para as Viaturas e foi o mais rápido que èra possivel para pedir evacuação dos Feridos, mas O João não resistiu de nada valeram as compressas que eu e outro Camarada apertava-mos nos buracos que a bala fez e por onde Perdeu o Sangue, O João Sucumbiu, o restrito grupo acabava de passar pelo maior pesadelo jamais imaginável, só saímos com vida graças à determinação e Coragem do nosso Alferes que foi sempre um Gigante em toda a comissão, estarei toda a vida grato Ao meu Alferes Azevedo, deixei O Seu Nome para o fim porque os ultimos são sempre os primeiros


Manuel Silva Quando eu escrevi quem nos enganou não o fiz por duvidar dos meus Superiores, e ainda fico com a ideia de que o conhecimento da ponte só foi tido em conversação com O Sr. Moura(eu sabia o nome dele mas omiti) depois de termos chegado á fazenda, a miha duvida prende-se com a hipotese de o Sr. Moura ter necessidade dum alibi para simular qualquer situação de duvida das suas possiveis actividades e digo isto porque eu estive no mês de Dezembro de 1966 a fazer a protecção que nos coube nesse mês a nós passamos lá esse Natal e reparei várias vezes que o dito Sr. saía sosinho no seu Jeep e ia para zonas muito afastadas, eu tinha a mania de reparar no que achava estranho e sei que éram afastadas porque observava lá bem do alto da Pista a poeira que levantava por onde o Jeep passava, ora isto não seria muito normal numa zona como os Dembos, por outro lado interrogava-me como é que um civil tem conhecimento dos danos numa Ponte que fica distante da fazenda, não é serventia exclusiva da mesma e o arranjo caberia ou á Engenharia ou ao grupo de Sapadores Militar, para quê a observação por parte dum civil daquilo que deveria ser do foro da administração Regional ou Militar? espero ter coseguido expor o meu raciocinio, sei que não sou dotado para descrever com precisão aquilo que penso mas faço-o o melhor que sei e posso para evitar qualquer erro de intenção na minha abordagem a um tema tão delicado e não quero que fiquem duvidas em nehum dos meus Superiores.



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